Ansiedade e Tratamento Homeopático.
(Leituras sobre gênese, ciência, ansiedade, Lei dos semelhantes e incertezas)
Sobre a gênese
“Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também
Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre,
dos imortais que têm a cabeça do Olimpo nevado,
e Tártaro nevoento no fundo do chão de amplas vias,
e Eros: o mais belo entre Deuses imortais,
solta-membros, dos Deuses todos e dos homens todos
ele doma no peito o espírito e a prudente vontade
Do Caos Érebos e Noite negra nasceram.
Da Noite aliás Éter e Dia nasceram,
gerou-os fecundada unida a Érebos em amor.
Terra primeiro pariu igual a si mesma
Céu constelado, para cercá-la toda ao redor
e ser aos Deuses venturosos sede irresvalável sempre.
Pariu altas Montanhas, belos abrigos das Deusas
ninfas que moram nas montanhas frondosas.
E pariu a infecunda planície impetuosa de ondas
o Mar, sem o desejoso amor (...)
Teogonia, Hesíodo, poeta grego
“ 1 No princípio Deus criou os céus e a terra.
2 Era a terra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
3 Disse Deus: "Haja luz", e houve luz.
4 Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas.
5 Deus chamou à luz dia, e às trevas chamou noite. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o primeiro dia.
6 Depois disse Deus: "Haja entre as águas um firmamento que separe águas de águas".
7 Então Deus fez o firmamento e separou as águas que ficaram abaixo do firmamento das que ficaram por cima. E assim foi.
8 Ao firmamento, Deus chamou céu. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o segundo dia.
9 E disse Deus: "Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça a parte seca". E assim foi.
10 À parte seca Deus chamou terra, e chamou mares ao conjunto das águas. E Deus viu que ficou bom”.
Gênesis, Bíblia Sagrada
Sobre a ciência
Segundo os cientistas, o Big Bang ocorreu há cerca de 14 bilhões de anos. Algumas centenas de milhares de anos depois, o Universo esfriou ao ponto de possibilitar a formação de átomos. As galáxias se formaram no primeiro bilhão de anos. O Sistema Solar e a Terra originaram-se há cerca de 4.5 bilhões de anos.
Graças às condições favoráveis existentes nos oceanos primitivos, com proteínas e ácidos nucleicos disponíveis, estima-se que os primeiros seres vivos surgiram no planeta há 3,5 bilhões de anos.
Assim, microorganismos unicelulares como as bactérias e algas, primeiras formas de vida, foram importantes para o surgimento de outros seres: invertebrados como medusas, caracóis e estrela-do-mar, algas verdes (todos habitantes marinhos); plantas terrestres; anfíbios; répteis, como os dinossauros do período Jurássico (extintos há 70 milhões de anos); plantas com flores, aves e mamíferos que proliferaram por todo o planeta há 65 milhões de anos.
Há 4 milhões de anos surgiram os ancestrais dos seres humanos. Foram necessários Australopitecos (3,5 a 2 milhões de anos), Homo habilis (2,4 a 1,6 milhões), Homo erectus (2 mi a 400 mil anos), Homo neanderthalensis (2,5 milhões a 12 mil anos) até chegar-se, finalmente, à espécie atual: o Homo sapiens (300 mil anos).
O período Paleolítico compreende o intervalo de tempo entre o aparecimento dos primeiros hominídeos até cerca de 8.000 a.C. e o Neolítico de 8000 até 5000 a.C. A idade dos Metais de 5000 a.C. até o surgimento da escrita, por volta de 3500 a.C.
Há 500 mil anos o homem passou a controlar o fogo, há 30.000 aperfeiçoou a técnica da caça e da pesca, e criou a arte da pintura.
Em torno de 18000 a.C. a Terra passou por transformações climáticas e geológicas, alterando a vida animal e vegetal do planeta.
No Neolítico novas modificações climáticas aumentaram as dificuldades para caçar e os seres humanos se instalaram nas margens dos rios, desenvolveram a agricultura, a arte da cerâmica, a tecelagem, aprenderam a domesticar alguns animais e surgiram os primeiros aglomerados populacionais.
Na idade dos metais a fundição do cobre, posteriormente o estanho, a invenção do bronze e a metalurgia do ferro possibilitaram um melhor acabamento de utensílios e domínio sobre outros povos através da manufatura de armamentos.
O surgimento da escrita na idade antiga permitiu que uma parte dos costumes e leis destas civilizações chegasse ao conhecimento do homem moderno.
Da Ilíada de Homero até os dias atuais decorreram apenas cerca de 2800 anos.
“O sistema nervoso desenvolveu-se com o fim de receber e coordenar os estímulos do mundo exterior, transmitindo-os às diferentes células que formam os órgãos, bem como colher os estímulos neles gerados, elaborando-os e coordenando-os a fim de responder satisfatoriamente às exigências da vida”.
Walter E. Maffei, Patologista brasileiro.
A ciência moderna teve início no século XVI, mesma época em que viveu o anatomista Vesalius. Willian Harvey, outro importante anatomista, foi um dos primeiros a descrever o sistema circulatório de maneira correta, no século seguinte.
Em 1810 Franz Joseph Gall publicou Anatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso em Geral e do Cérebro em Particular, onde é feita a distinção entre substância cinzenta e branca deste órgão. Magendie, Broca, Rolando e Purkinge nos séculos XVII e XVIII também contribuíram para os estudos de anatomia e fisiologia do cérebro.
Estes autores colaboraram para a compreensão de que o sistema nervoso desenvolveu-se com o fim de receber e coordenar os estímulos do mundo exterior, transmitindo-os às diferentes células que formam os órgãos, bem como colher os estímulos neles gerados, elaborando-os e coordenando-os a fim de responder satisfatoriamente às exigências da vida.
Para cumprir essa finalidade, o sistema nervoso apresenta uma organização, e pode ser dividido em sistema nervoso central e sistema nervoso autônomo.
O sistema nervoso central recebe as impressões do mundo exterior, por meio das terminações nervosas periféricas levando-as aos órgãos que o compõem, onde são elaboradas e daqui transmitidas aos órgãos de atuação e assim o indivíduo pode reagir aos diversos estímulos do mundo exterior, isto é, põe o animal e o Homem em particular em relação com o ambiente.
O sistema neurovegetativo, ou autônomo, tem como função manter e regular as funções digestivas, respiratória, circulatória e sexuais e compreende 2 sistemas: o simpático e o parassimpático.
O sistema simpático estimula todos os órgãos, contribuindo para que o organismo apresente as condições máximas de defesa em face do ambiente; o parassimpático predomina durante o repouso noturno, determinando a redução do estado de defesa e de atividade do indivíduo, preparando-o para a sua recuperação funcional.
Em 1910, Hess e Eppinger estudaram as constituições do ser humano e verificaram que os indivíduos reagiam de maneira diferente quando expostos a substâncias estimulantes do sistema nervoso específicas.
Catalogaram como vagotônicos e simpaticotônicos segundo o predomínio das reações parassimpáticas e simpáticas, respectivamente.
Este comportamento inato reflete uma base biológica instintiva e geneticamente determinada, capaz de interagir com o ambiente durante o desenvolvimento do indivíduo.
Denomina-se caráter o componente adquirido na interação com o mundo (forma existencial de estruturação interna pela apreensão de experiências e objetos). O caráter inclui, portanto, os valores éticos e morais, conteúdos incorporados durante o desenvolvimento da pessoa.
Da soma destes dois componentes, o inato e o adquirido, compõe-se a personalidade de cada indivíduo.
Sobre a ansiedade
“Uma crise de pânico pode ser uma reação “fisiológica” quando desencadeada por um estímulo suficientemente forte”.
Síndromes psiquiátricas, ed. artmed
Uma crise de pânico pode ser uma reação “fisiológica” quando desencadeada por um estímulo suficientemente forte. Assim, todas as pessoas têm a possibilidade de ter uma crise de ansiedade ou mesmo de pânico. Entretanto, reserva-se o diagnóstico de transtorno de pânico para quando a reação de medo e de desespero acontece predominantemente de modo espontâneo, repetitivo e de forma desproporcional ao estímulo desencadeante. Para o diagnóstico, é importante que as crises tenham levado a alterações comportamentais ou cognitivas.
Os critérios utilizados atualmente para caracterizar o diagnóstico clínico são os adotados pela American Psyshiatric Association. Segundo esta classificação, para identificar o transtorno de pânico, devemos caracterizar o ataque ou a crise pesquisando a possível presença de pelo menos quatro sintomas concomitantes, com aparecimento repentino, sem uma relação entre causa e efeito, com duração aproximada de 10 a 30 minutos e em qualquer local, os quais incluem: taquicardia, dor no peito ou desconforto torácico, sudorese, tremores ou abalos, sensação de falta de ar ou sufocamento, parestesias (formigamento de extremidades ou membros), sensação de morte iminente, medo de vir a enlouquecer, sensação de tontura, instabilidade ou desmaio, desrealização (sensação de irrealidade), despersonalização (estar distanciado de si mesmo), calafrios ou ondas de calor.
Portanto, dois ou três sintomas isolados não caracterizam a condição, e apensa um ataque de pânico sem alteração dos hábitos não caracteriza o transtorno de pânico, podendo ocorrer em situações de estresse ou forte emoção.
A agorafobia caracteriza-se pelo medo de ter medo. O paciente passa a evitar as situações nas quais julga que o risco de crise é insuportavelmente alto. Deixam de sair sozinhas de casa, ou mesmo acompanhadas, não conseguem mais dirigir, entrar em supermercados, viajar, trabalhar, enfim, a vida se torna cada vez mais limitada.
As estruturas do sistema nervoso central provavelmente envolvidas na etiologia biológica da ansiedade são: a ponte, o bulbo, a amígdala, o locus ceruleus, a região cortical frontomedial e o eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal. As hipóteses mais aventadas sobre a provável fisiopatologia do pânico apoiam-se em estudos de ações e respostas metabólicas e fisiológicas envolvendo os sistemas adrenérgico, serotonérgico, GABAérgico e também o lactato e CO2 (alarme de sufocamento). Estudos genéticos apontam para o fato de que até 70% da variância (chance de surgimento do fenômeno) depende de fatores herdados.
O tratamento medicamentoso na medicina tradicional é feito com antidepressivos tricíclicos e inibidores da recaptação de serotonina.
Sobre a lei dos semelhantes
“A transferência cria, assim, uma região intermediária entre a doença e a vida real, através da qual a transição de uma para a outra é efetuada. A nova condição assumiu todas as características da doença, mas representa uma doença artificial, que é, em todos os pontos, acessível à nossa intervenção”.
Freud
“Com base na teoria da compensação, estaríamos mais inclinados a admitir, por exemplo, que um indivíduo com uma atitude exageradamente pessimista em face da vida tivesse sonhos serenos e otimistas. Mas esta expectativa não se verifica senão no caso de alguém cuja índole permite que ele seja estimulado e encorajado neste sentido. Mas se o seu temperamento for um tanto diferente, assumirão, consequentemente, uma feição mais negra ainda do que a atitude consciente. Eles seguem então o princípio de que similia similibus curentur [os semelhantes que se curem pelos semelhantes]”.
C.G.Jung
Sobre as incertezas
“O objetivo final da ciência é fornecer uma teoria única que descreva todo o universo. No entanto, a abordagem que a maioria dos cientistas de fato segue é separar o problema em duas partes. Primeiro, há as leis que nos dizem como o universo muda com o tempo (se soubermos como é o universo em dado momento, essas leis físicas nos dirão como ele será em qualquer momento posterior). Segundo, há a questão do estado inicial do universo. Algumas pessoas acham que a ciência deve se ocupar apenas da primeira parte; elas encaram o problema da situação inicial como um assunto para a metafísica ou a religião. Eles diriam que Deus, sendo onipotente, poderia ter começado o universo como bem lhe aprouvesse.
(...) Hoje, os cientistas descrevem o universo a partir de duas teorias parciais básicas: a teoria da relatividade geral e a mecânica quântica. Elas são as grandes realizações intelectuais da primeira metade do século XX. A teoria da relatividade geral descreve a força da gravidade e a estrutura em grande escala do universo, ou seja, a estrutura em escalas que vão de apenas alguns quilômetros a medidas tão vastas quanto um milhão de milhões de milhões de milhões (1 seguido de 24 zeros) de quilômetros – o tamanho do universo observável. A mecânica quântica, por sua vez, lida com fenômenos em escalas minúsculas, tais como um milionésimo de milionésimo de centímetro. Infelizmente, porém, sabemos que essas teorias são incompatíveis entre si – não é possível que ambas estejam corretas. Um dos maiores esforços na física atual, e o tema principal deste livro, é a busca por uma nova teoria que irá incorporar ambas: uma teoria da gravitação quântica. Ainda não temos essa teoria e pode ser que estejamos longe de consegui-la, mas sem dúvida já conhecemos muitas das propriedades que ela deve exibir.
Ora, se acreditamos que o universo não é arbitrário, mas governado por leis bem definidas, ao fim teremos de combinar as teorias parciais em uma teoria unificada completa que descreverá tudo no universo. Entretanto, há um paradoxo fundamental na busca por uma teoria unificada completa como essa. As idéias sobre teorias científicas que delineamos nos parágrafos anteriores partem do pressuposto de que o homem é uma criatura racional livre para observar o universo como quiser e extrair deduções lógicas do que vê. Nesse esquema, é razoável supor que podemos progredir cada vez mais na direção das leis que governam nosso universo. Contudo, se de fato existe uma teoria unificada completa, é de se presumir que ela também determinaria nossas ações. E assim a própria teoria determinaria o resultado de nossa busca por ela! E por que ela deveria determinar que chegamos às conclusões corretas com base nas evidências? Ela não pode muito bem determinar que tiramos a conclusão errada? Ou nenhuma conclusão?
A única resposta que posso dar para esse problema se baseia no princípio da seleção natural de Darwin. A idéia é que em qualquer população de organismos capazes de se reproduzir haverá variações no material genético e na criação de novos indivíduos. Essas diferenças significarão que uns indivíduos serão mais capazes do que outros de tirar conclusões corretas sobre o mundo à sua volta e agir de forma apropriada. Tais indivíduos terão maior probabilidade de sobreviver e se reproduzir, e, assim , seu padrão de comportamento e pensamento passará a ser dominante”.
Stephen Hawking, uma breve história do tempo.
Reflexões finais
Durante a consulta homeopática, o indivíduo reflete sobre sua história, suas reações frente a fatos recentes e antigos e sobre seus sintomas de maneira pormenorizada. Isto induz a um autoconhecimento e a uma promoção da melhoria de hábitos de vida em nível psíquico e físico.
Como são levados em consideração na escolha de um medicamento homeopático os gatilhos para as crises de ansiedade, o conjunto de sintomas apresentados, e como a dose utilizada é sutil, a probabilidade de efeitos colaterais é minorada.
Tanto Freud quanto Jung descrevem a ação da Lei dos semelhantes no tratamento de seus pacientes como uma ferramenta eficaz. A ação do medicamento Homeopático, de maneira sinérgica, favorece e costuma catalisar o processo analítico ou psicanalítico.
Além disto, pelo fato do tratamento homeopático respeitar temperamento, constituição e sintomas em cada caso particular, favorece uma adaptação individual do paciente a sua realidade (conforme citado no artigo de Leve e leia de Agosto/Setembro). Agindo desta maneira, respeita-se as variações no material genético da espécie humana, e a seleção natural pode se dar de forma apropriada.
Dr. Eduardo Nishimiya Takeyama, médico Homeopata, membro do Instituto Hahnemanniano George Galvão, Av. Angélica, 2491, Espaço Livance, 9º andar Telefone: 3230-4730 – Whatsapp: (11) 97105-2014