Informações sobre o tratamento homeopático

6 dezembro, 2020

Abaixo listo as mídias em que publico informações sobre o tratamento homeopático, os cuidados que devem ser tomados com seus medicamentos para que eles não percam sua validade, rodas de conversas sobre saúde e homeopatia, etc.

1) Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCSijHlZ8ba6rKoLMLdta1Jw?view_as=subscriber

2) Facebook: https://www.facebook.com/dreduardontakeyama

3) Intagram: https://www.instagram.com/dreduardontakeyama/?hl=pt-br

Acesse e informe-se sobre as peculiaridades deste tratamento!! 

Grato pela atenção!


Dr. Eduardo Nishimiya N. Takeyama

 

Epidemias e Homeopatia

15 maio, 2020

Gênio epidêmico 


 A homeopatia, sistema médico complexo de caráter holístico, é baseada no princípio vitalista e no uso da lei dos semelhantes, enunciada por Hipócrates no século IV a.C. Foi desenvolvida por Samuel Hahnemann no século XVIII. Após estudos e reflexões baseados na observação clínica e em experimentos realizados na época, Hahnemann sistematizou os princípios filosóficos e doutrinários da homeopatia em suas obras Organon da Arte de Curar e Doenças Crônicas. A partir daí, essa racionalidade médica experimentou grande expansão por várias regiões do mundo, estando hoje firmemente implantada em diversos países da Europa, das Américas e da Ásia. No Brasil, a homeopatia foi introduzida por Benoit Mure em 1840, tornando-se nova opção de tratamento. 

Em 1979, é fundada a Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB); em 1980, a homeopatia é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina (Resolução nº 1.000 ); em 1990, é criada a Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH); em 1992, é reconhecida como especialidade farmacêutica pelo Conselho Federal de Farmácia (Resolução nº 232 ); em 1993, é criada a Associação Médico-Veterinária Homeopática Brasileira (AMVHB); e, em 1995, é reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de

Medicina Veterinária (Resolução nº 625). (1)


Em suas obras, o fundador da medicina homeopática discorre sobre filosofia, higiene, hábitos alimentares, anamnese, exame físico, classificação das doenças (com diagnósticos bem definidos), terapêutica, evolução, e até patologia. 

Neste artigo quero fazer comentários sobre trechos destes livros e como a medicina homeopática enxerga e lida com doenças epidêmicas. Principalmente diagnóstico e terapêutica.


Parágrafos extraídos do Organon (2) (leia com atenção principalmente as partes sublinhadas):


(...)

§ 72 Quanto ao primeiro ponto, o que se segue servirá de base geral e preliminar. As moléstias a que está sujeito o homem são ou processos mórbidos rápidos da força vital anormalmente perturbada, que têm a tendência de completar seu curso de modo mais ou menos rápido, mas sempre em um tempo moderado, as chamadas doenças agudas, ou são doenças de caráter tal que, com um início pequeno, muitas vezes imperceptível, afetam dinamicamente o organismo vivo, cada uma de seu modo peculiar, fazendo-o desviar, pouco a pouco, do estado normal de saúde, de forma que a energia vital automática, chamada força vital (princípio vital), cuja função é preservar a saúde, só lhes opõe no começo e no decorrer de seu curso, uma resistência imperfeita, inadequada e inútil, sendo por si incapaz de extingui-las, devendo sofrer impotentemente o seu alastramento, a ponto de ser cada vez mais perturbada até que, por fim, o organismo seja destruído. Estas doenças se chamam crônicas. São causadas pelo contágio dinâmico por um miasma crônico (*). 


§ 73 Quanto às moléstias agudas, podem ser de tal natureza que atacam os homens individualmente, sendo a causa excitante influências prejudiciais a que estavam especialmente expostas. Excessos ou insuficiências alimentares, impressões físicas intensas, frio ou calor excessivos, desgaste, esforços etc., ou irritações físicas, emoções ou algo semelhante, são causas excitantes de tais afecções febris; em realidade, contudo, são geralmente apenas uma explosão passageira de Psora latente, que retorna espontaneamente a seu estado latente se as moléstias não foram de caráter demasiado violento e foram logo dissipadas. Podem, também, ser de espécie tal que atacam diversas pessoas ao mesmo tempo, aqui e ali (esporadicamente), mediante influências meteóricas ou telúricas e agentes maléficos, sendo a suscetibilidade de ser morbidamente afetado por elas, possuída por apenas poucas pessoas ao mesmo tempo. Juntamente com essas estão as doenças em que diversas pessoas são atacadas por sofrimentos muito semelhantes, provenientes da mesma causa epidêmica; essas doenças, geralmente, se tornam infecciosas (contagiosas) quando assolam diversos grupos humanos densos. Daí surgem febres (*), em cada caso de natureza peculiar e, porque os casos de doença têm origem idêntica, determinam a todas elas um processo mórbido idêntico, que, se deixado à própria sorte, sem tratamento, em pouco tempo termina ou em morte ou no restabelecimento. As calamidades da guerra, inundações e fome, muitas vezes são as suas causas – às vezes são miasmas agudos peculiares que retornam da mesma maneira (daí serem conhecidos por algum nome tradicional), que ou atacam as pessoas apenas uma vez na vida, como a varíola, sarampo, coqueluche, a antiga febre escarlate lisa, vermelho claro (**) de Sydenham, a caxumba etc., ou as que reaparecem frequentemente de modo muito semelhante, a peste do Levante, a febre amarela do litoral, a cólera da Índia Oriental. 


§ 101 Pode ocorrer facilmente que no primeiro caso de um mal epidêmico que seja notado pelo médico, este não tenha imediatamente um quadro completo de sua natureza, visto ser somente mediante criteriosa observação de cada um desses males coletivos que ele pode se familiarizar com a totalidade de seus sinais e sintomas. O médico que observa cuidadosamente pode, contudo, pelo exame de seu primeiro ou segundo paciente, aproximar-se muitas vezes tanto do conhecimento do verdadeiro estado do mal, de modo a ter na sua mente um quadro característico dele, e obter êxito em achar um remédio conveniente, homeopaticamente adaptado.


§102 A medida que são anotados os sintomas de diversos casos desta espécie, esboça-se cada vez de modo mais completo o quadro da doença, não maior e de mais rico vocabulário, porém mais preciso (mais característico), abrangendo a peculiaridade desta doença coletiva, os sintomas gerais (por exemplo, falta de apetite, falta de sono etc.) e, por outro lado, os sintomas mais especiais e marcados, peculiares a apenas algumas doenças e de ocorrência mais rara, pelo menos na mesma combinação, sobressaem e constituem o que há de característico na doença(*). As vítimas da epidemia certamente contraíram a doença da mesma fonte, e sofreram, portanto, da mesma doença; mas toda a extensão de tal epidemia, e a totalidade de seus sintomas (o seu conhecimento, essencial para permitir-nos a escolha do remédio homeopático mais conveniente para esta série de sintomas, é obtido mediante um exame completo do quadro da doença), não pode ser conhecida por meio de somente um único paciente, só podendo ser perfeitamente deduzida (abstraída) e verificada pelos sofrimentos de diversos pacientes de constituições diferentes.

 (*) O médico que, nos primeiros casos, já tenha podido escolher um remédio que se aproxime do específico homeopático, poderá, nos casos subsequentes, verificar a segurança do remédio escolhido, ou então, descobrir um mais apropriado, aliás, o mais apropriado. 


§ 241 As epidemias de febre intermitente sob condições em que nenhuma é endêmica, são da natureza das doenças crônicas, compostas de crises agudas individuais; cada epidemia é de caráter peculiar, uniforme, comum a todos os indivíduos atacados, e quando este caráter se encontra na totalidade dos sintomas comuns a todos, leva-nos à descoberta do remédio (específico) homeopático adequado para todos os casos, que então quase sempre ajuda nos pacientes de saúde mediana antes da epidemia, isto é, que não sofriam cronicamente de Psora desenvolvida.



Assim, na Medicina Homeopática:


As epidemias são classificadas como doenças agudas coletivas epidêmicas. 

Para a melhor compreensão da doença, é necessária a coleta de sintomas de vários pacientes de diferentes constituições. 

A escolha do medicamento mais apropriado é feita baseada nos sintomas mais especiais, marcados e peculiares. Principalmente aqueles do quadro mais grave da doença.

Este medicamento recebe o nome de gênio epidêmico e pode ser fornecido a pacientes assintomáticos.

Pacientes com sintomas agudos, mesmo que devidos à epidemia, devem ser avaliados e medicados individualmente.

Pacientes com sintomas crônicos devem ser avaliados quanto a necessidade de medicamentos adequados a seus quadros de longa data, se intensos; e em relação a contra indicações à administração do gênio epidêmico.


OBS: As recomendações higiênicas e de isolamento social são medidas  importantíssimas e  devem ser cumpridas! 


(1) Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. 2a edição. Brasília, DF. 2015.  


(2) Hahnemann, Samuel. Organon der Heilkunst. 6a ed (primeira ed em 1810). Tradução: David Castro, Rezende Filho, Kamil Curi - GEHSP "Benoit Mure", 5a ed. brasileira. SP, 2013.

 

PREVENÇÃO NA COVID-19

15 maio, 2020

VAMOS CONVERSAR SOBRE COMO PODEMOS NOS PREVENIR DA COVID-19? 


Olá! Estou preocupado...


 Algumas pessoas têm se sentido muito seguras ao utilizarem máscaras faciais, e relaxado em outros hábitos, como o distanciamento e isolamento, a lavagem das mãos e a etiqueta respiratória ao espirrar e tossir. Quero explicar por que é importante manter todos em conjunto para nos prevenirmos desta nova doença. Vamos lá?!


O CORONAVÍRUS (SARS COV-2): 


 Primeiro vamos falar um pouco sobre o SARS-COV 2, vírus associado a esta moléstia. 


 O seu tamanho é de cerca de 120 nanômetros. Para se ter uma ideia relativa do que isto significa, caso nós fôssemos o vírus, uma célula do corpo humano seria mais ou menos do tamanho de uma casa.


 Apenas para facilitar o restante da explicação, vamos imaginar o seguinte: se nós fôssemos os vírus e uma célula (do pulmão, por exemplo), uma casa, então um órgão  (como o pulmão) seria um bairro e um ser humano seria uma cidade. E assim por diante. 


 Nós geralmente nos sentimos seguros, nos alimentamos e reproduzimos em “uma casa”. Este vírus é um parasita intracelular. Isto quer dizer que para viver e se multiplicar, o SARS COV-2 também precisa estar dentro de "casa" (célula - palavra que vem do latim e significa quarto pequeno) e se alimenta do que já existe lá (depende do que é produzido por nossas células).


FORMAS DE CONTÁGIO: 


 Para conseguir chegar a uma nova “casa” (célula) em outra “cidade” (ser humano), “nós” (os vírus) podemos ir por terra: a pé, de carro, de ônibus; ou pelo ar: aviões e helicópteros.


 Para “nós” (SARSCOV-2), as “entradas” (porta de entrada) de cada “cidade” (ser humano) são bem fechadas em alguns pontos (como na nossa pele), e abertas, mas com algumas barreiras, em outros (como nos olhos, no nariz e na boca). 


 Então, se uma “cidade” (ser humano) está contaminada, pode infectar uma “vizinha” (outro ser humano) se uma de suas portas "meio abertas" estiver próxima e “nós” (vírus) entrarmos andando. A isto damos o nome de CONTATO DIRETO, e pode ocorrer quando um paciente com sintomas e disseminando vírus entra em contato com uma pessoa sem a doença. 


 O CONTATO INDIRETO seria como se pessoas (vírus) de uma cidade distante e contaminada, viajassem de “carro ou ônibus” (fômites) para uma cidade sadia.  Entrassem pelas “portas meio abertas” (portas de entrada) da cidade sadia (pessoa sem doença) e invadissem algumas “casas” (células). Isto ocorre por meio de um objeto contaminado (fômites) com vírus, quando encostamos nele e levamos nossas mãos com os SARS COV-2 até nossas portas de entrada (boca, nariz e olhos). 


 Os “aviões” seriam as GOTÍCULAS. Maiores e mais pesados que um helicóptero, podem carregar várias "pessoas" (vírus). Quando tossimos, espirramos ou falamos mais alto, podem atingir a distância de até cerca de um metro e meio. 


 Os “helicópteros” seriam os AEROSSÓIS. São como gotículas muito pequenas. Podem ficar flutuando no ar durante algumas horas e podem atingir distâncias maiores que as gotículas, até metros. Também podem ser produzidas por falar, tossir, espirrar e durante alguns procedimentos médicos e odontológicos. 


MODOS DE PREVENÇÃO:


      Você reparou como podemos, de certa maneira, relacionar a maneira como nos deslocamos com a maneira com que os vírus podem chegar até nós e nos contaminar? E como as medidas tomadas pelos Órgãos de Saúde, como bloqueio de aeroportos, rodízio de carros, isolamento social, etc. são relacionados às atitudes que precisamos ter individualmente? 


     Assim, as medidas para se prevenir o contágio pelo SARS COV-2 a serem tomadas por cada um de nós, devem ser: 


     “POR TERRA”- evite que “pessoas de uma cidade contaminada” (vírus) entrem pelas “portas” (nariz, boca e olhos) de “sua cidade” (você): “andando” (contato direto), ou de “carro ou caminhões” (contato indireto). 


 Então não fique próximo e não utilize objetos de outras pessoas. Como a disseminação deste coronavírus também se faz por pessoas sem sintomas, priorize utilizar apenas seus próprios objetos. LAVE AS MÃOS com freqüência. Muitas vezes é através delas que podemos levar os vírus até nossas portas de entrada (nariz, boca e olhos). Limpe muito bem tudo o que entra em sua casa. Utilize sabão, álcool gel a 70% e soluções diluídas de água sanitária. Compras de mercado, roupas, calçados, acessórios e... você! Tome banho todas as vezes que chegar em casa e lave as roupas após cada vez que usá-las. 


     “PELO AR” - evite que “aviões” (gotículas) ou “helicópteros” (aerossóis) pousem nas “entradas” (portas de entrada) de sua “cidade” (você). 


 Fique a cerca de no mínimo dois metros de distância de pessoas com sintomas (principalmente se forem gripais) e mantenha o ambiente em que você se encontra arejado, com pelo menos uma entrada e uma saída de ar, para melhor ventilação e dispersão dos aerossóis. E "feche suas portas" com máscaras faciais. 


 Agora, acredito que um dos maiores aprendizados que podemos guardar desta pandemia vem do fato de todos os métodos acima não serem 100% eficazes. Mas eles podem (e devem) ser potencializados a partir do momento em que NOS PREOCUPAMOS UNS COM OS OUTROS. 

           Lembrando que mesmo sem sintomas podemos estar disseminando o vírus, todos devemos agir como se estivéssemos contaminados! E pensar em como podemos proteger a TODOS. 


 Vamos aos exemplos: 


     Quando lavamos ou higienizamos as mãos com álcool a 70% com frequência, além de nos protegermos de um contato indireto, ao as levarmos até nossas portas de entrada, podemos estar espalhando menos vírus e diminuindo a chance de alguém encostar em algo contaminado por nós. 

     Guardando um espaço de 2m de outras pessoas e obedecendo as regras de etiqueta respiratória ao espirrar ou tossir, estamos evitando uma possível infecção de nós mesmos e também do próximo. 

     Ao colocarmos uma máscara facial caseira, de pano ou TNT, o principal objetivo eh que as gotículas e aerossóis produzidos por nós ao falarmos, tossirmos ou espirrarmos, se espalhem o mínimo possível no ambiente em que estamos. Elas também nos protegem de inalarmos aerossóis contaminados, mas neste caso, a eficácia é menor (veja mais sobre a eficácia dos tecidos utilizados na manufatura de máscaras faciais no link abaixo).


 Então, vamos nos cuidar e ao mesmo tempo cuidar do bem estar do próximo?! E tomar as atitudes CORRETAS  porque também  são as MAIS EFICAZES! 


 Para quem quiser assistir vídeos ou ler matérias sobre os assuntos acima, clique nos links abaixo:


Sobre o tamanho “nano”: 

https://vimeo.com/23028437?ref=em-v-share


Sobre o tamanho das células:

https://youtu.be/RYLAjjDnVUc


Sobre gotículas e aerossóis:

https://youtu.be/H2azcn7MqOU


Sobre os cuidados gerais:

https://youtu.be/x462P6TIR-U


Sobre como lavar as mãos 

https://m.youtube.com/watch?v=C83jhuQMWqc&feature=youtu.be


Sobre como preparar uma solução de água sanitária diluída

http://www.contagem.mg.gov.br/coronavirus/wp-content/uploads/2020/04/HigienizacaoFacaCertoV2.pdf


Sobre a eficiência das máscaras

https://inova.usp.br/respire/resultados-testes-de-filtragem/


Dr. Eduardo N. Takeyama, médico Homeopata, membro do Instituto Hahnemanniano George Galvão. Av Angélica, 2491, Espaço Livance, 9o andar  Telefone: 3230-4730 ‪Whatsapp: 11 95325‑9742‬ ou 1197105-2014.

 

Homeopatia na melhor idade - Artigo publicado na revista Leve e Leia - edição Agosto/ Setembro de 2019

19 fevereiro, 2020

Homeopatia na melhor idade


“Nós os mortais, bons e maus, julgamos alcançar o que esperamos; 

Sobrevém no entanto a infelicidade e nos lamentamos. 

O enfermo espera obter a saúde, e o pobre, a riqueza. Todos se empenham por alcançar dinheiro e bens, cada um a seu modo: o comerciante e o marinheiro, o camponês e o artífice, o cantor e o vidente. 

Mas, ainda que a preveja, este não consegue afastar a desventura, quando ela vem. 

(...) Em todos os trabalhos há perigo, ninguém sabe

como se deve parar o empreendimento iniciado;

mas aquele que tenta agir bem, sem pensar,

cai em grande e terrível desgraça,

e ao que age mal, a divindade concede-lhe em tudo

boa sorte, libertação de sua loucura.”

Sólon


Frequentemente se é exposto a eventos previsíveis ou contingenciais. Circunstâncias individuais ou coletivas a que se está sujeito durante a vida. Nascimento e morte, crescimento e envelhecimento, doenças e curas, novos empregos e demissões, sucessos e fracassos, desejos realizados e frustrações. Experiências se acumulam.  Caráter e personalidade vão se formando, conforme constituição e temperamento interagem com o que ocorre no meio ambiente. 

Horizontes se alargam conforme se cresce e envelhece, e a exposição a estes fatos aumenta.

Em certas fases da vida, novas situações surgem com uma frequência maior, como que em ondas. Um exemplo disto no sexo feminino é a idade em que ocorre o climatério. São comuns sintomas como fogachos, alterações do sono, mudança de humor, diminuição da libido, atrofia dos órgãos genitais; mudanças no cotidiano, como a presença do companheiro em tempo quase integral no mesmo ambiente, filhos casados que deixam os netos para serem pajeados. Preocupações com familiares que adoecem ou perdem o emprego também podem perturbar o psiquismo. Um turbilhão de mudanças e exigências contrariam a expectativa de uma maturidade e senectude tranquilas, onde “se poderia colher os frutos dos esforços feitos durante a vida”. 

Interroga-se a melhor maneira de lidar com esses acontecimentos, já que o destino muitas vezes parece escolher aleatoriamente exitosos e derrotados. O fato de se ter tentado levar uma vida ética e moralmente justa, ter se atentado aos cuidados com a saúde mental e física, diminui a probabilidade, mas não isenta nenhum ser humano ao risco de ser surpreendido por uma doença ou problemas sociais e financeiros. 

Esforços para prolongar a juventude e diminuir sintomas com cirurgias plásticas, reposição hormonal, carga excessiva de atividades físicas, por exemplo, são eficientes durante um tempo limitado, mas adiam a adaptação a este estágio da vida e não são isentos de efeitos colaterais.


”Veritas est adaequatio intellectus et rei”

(A verdade é a adequação entre o intelecto e as coisas)

São Tomás de Aquino


É mais eficaz lidar com os limites físicos, as doenças e e as necessidades afetivas e cognitivas que surgem. Conformar-se com possíveis dores e reduzir a carga nas atividades físicas (importantíssimas para um envelhecer saudável), organizar-se para tomar medicamentos e consultar um profissional logo que surgirem novos sintomas, manter uma vida ativa e fazer uma boa higiene mental (com a ajuda de um terapeuta, se necessário) acelera o processo de adaptação a esta nova realidade. 

Enxergar uma finalidade em todos os acontecimentos da vida (inclusive nos contingenciais, não programados) torna-se uma ferramenta eficaz na adaptação física e psíquica. Montaigne nos faz refletir a este respeito no texto abaixo, extraído de seus ensaios, quando reflete sobre a afeição dos pais pelos filhos: 

“Se existe uma lei realmente natural, isto é, um instinto que seja universal e perpetuamente gravado nos animais e em nós (o que não deixa de ser controverso), posso dizer que, a meu ver, depois do cuidado que cada animal tem com sua preservação e de fugir do que o prejudica, o segundo lugar nessa lista é o amor que o procriador dedica à sua progenitura. E porque a natureza parece tê-lo nos recomendado, visando a propagar e fazer avançar as peças sucessivas dessa sua máquina, não é de espantar que, em sentido inverso, o amor dos filhos pelos pais não seja tão grande. Junte-se esta outra consideração aristotélica: quem faz o bem a alguém ama-o mais do que é amado por ele, e aquele a quem se deve ama mais do que quem deve, e todo operário ama mais sua obra do que por ela seria amado se a obra tivesse sentimento; porquanto damos valor ao fato de existir, e existir consiste em movimento e ação, e por isso cada um de nós existe, de certa maneira, em cada coisa que faz. Quem faz o bem exerce uma ação bela e honesta, quem recebe, exerce apenas uma ação útil. Ora, o útil é muito menos digno de ser amado do que o honesto. O honesto é estável e permanente, fornecendo a quem o faz uma satisfação constante. O útil se perde e escapa facilmente, sua lembrança não é tão fresca nem tão doce. As coisas que mais nos custaram nos são as mais queridas. E dar custa mais que receber.”

Moléstias que podem ser agravadas por excessos ou hábitos incompatíveis às mesmas também podem ser enxergadas como uma oportunidade de se educar e melhorar.  Dieta adequada em caso de diabetes ou obesidade, exercícios feitos em intensidade, frequência e postura corretas no caso de problemas osteoarticulares, mudanças em pensamentos e atitudes no caso de depressão, transtornos de ansiedade, por exemplo. Estas mudanças benéficas nos hábitos de vida ainda trazem a possibilidade de se contagiar positivamente aos que estão próximos, gerando cuidado e proteção.

A adaptação à realidade forma mais eficazmente de maneira salutar nosso caráter e personalidade, afinal “nada acontece por acaso”.


"Cale-se, homem! Um fogo incendeia outro fogo;

Uma pena é minorada com o sofrimento de outra;

Roda até a vertigem e ficarás sereno em direção contrária.

Uma dor desesperada cura-se com outro languir

Apanha em teus olhos alguma nova infecção

E o violento veneno do mal antigo desaparecerá."


William Shakespeare


A Medicina Ocidental teve seu berço em Cós, com Hipócrates. Em seus escritos, o pai da medicina cita entre seus princípios de tratamento a lei dos contrários (Contraria Contrariis Curentur) e a lei dos semelhantes (Similia Similibus Curentur). 

A lei dos contrários deu origem à medicina alopática. Etimologicamente, allós= outro, diferente + páthos= sofrimento. Assim, o termo correto para uma medicina que seguisse estritamente esta lei seria enantiopatia. A medicina tradicional moderna (corretamente chamada de alopática, pois não se utiliza apenas desta lei), foi sendo construída paulatinamente por Galeno, Harvey, Pasteur e muitos outros expoentes. Estudos sobre anatomia, fisiologia, patologia, microbiologia, farmacologia etc, formaram uma idéia do normal e do anormal ou patológico no ser humano. Conceitos importantíssimos, sobretudo porque a medicina deve basear-se em ciência. Mas que muitas vezes levam a uma rigidez  terapêutica desnecessária e torna quase impossível a individualização na escolha do tratamento  mais adequado para cada paciente. 

A lei dos semelhantes originou a Homeopatia. "Redescoberta" pelo médico alemão Christian Frederich Samuel Hahnemann, ela constitui um dos pilares desta medicina. Visa estimular o indivíduo, através de medicamentos que provaram ser capazes de produzir sintomas semelhantes aos relatados, a reagir contra os mesmos, levando a melhoria destas queixas por intermédio de seus próprios mecanismos defensivos. Por utilizar estímulos medicamentosos sutis e valer-se do sistema de defesa dos  próprios pacientes, a ocorrência de efeitos colaterais ou intoxicações são muito menores.

Hahnemann definiu outros princípios fundamentais ao sistematizar a Homeopatia. Deve-se , por exemplo, levar em conta a individualidade de cada paciente e ao mesmo tempo, enxerga-lo como um todo. Assim, uma mulher na fase do climatério que esteja com fogachos, problemas devido às mudanças na dinâmica familiar em sua casa, queda de cabelos e transtornos do sono, se manifestar tristeza e desejo de isolar-se, tomará um medicamento homeopático diferente de outra que se apresente com irritabilidade e agressividade.  Valorizar a peculiaridade de cada experiência de vida e como se reage a elas durante a consulta, estimula o autoconhecimento, importantíssimo para uma  boa higiene mental. Auxilia a se reconhecer fraquezas e virtudes e como se comportar melhor diante de situações. Em pacientes com gastrite, em outro exemplo, ajuda a elucidar quais alimentos fazem realmente mal ou não (evitando restrições desnecessárias). Na escolha medicamentosa, levando-se em consideração estes princípios, o ganho para a saúde muitas vezes é multiplicado, pois com um único medicamento a melhora pode apresentar-se no psiquismo, que muitas vezes pode agravar a queixa, e no próprio sintoma físico. Ou ainda há quem ignore que sistemas psíquico, neurológico voluntário, autônomo, endócrino e aparelhos respiratório, cardiocirculatório etc. interagem e sofrem influência uns dos outros constantemente?

O objetivo do tratamento homeopático é "que o indivíduo atinja seus mais altos fins", ou seja, visa auxiliar de maneira individual cada ser a alcançar o seu melhor possível em nível físico, psíquico e social. Leva em conta:  hereditariedade, constituição, temperamento, hábitos, suas doenças, sua história e momento de vida para estimular seu sistema imunológico e sua psiquê a adaptar-se mais pronta e eficazmente ao que está gerando desconforto e moléstias, com o mínimo de transtornos e de maneira duradoura.


Eduardo N. Takeyama, médico Homeopata, membro do Instituto Hahnemanniano George Galvão. Av Angélica, 2491, Espaço Livance, 9o andar  Telefone: 3230-4730 ‪Whatsapp: 11 95325‑9742‬ 

 

Artigo para a revista Leve e Leia sobre orientação alimentar - edição Fevereiro/Março de 2020

19 fevereiro, 2020

Alimentos e Nutrientes: como escolher.



“A verdadeira felicidade é impossível sem verdadeira saúde, e a verdadeira saúde é impossível sem um rigoroso controle da gula”.


“O homem cava seu túmulo com o garfo diariamente”.


“A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados”.


“Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível”.

Mahatma Gandhi



"A alimentação é o ato pelo qual os seres vivos escolhem, preparam e introduzem no seu organismo as substâncias de que necessitam para as suas atividades.

As substâncias introduzidas no organismo através da alimentação são transformadas em outras mais simples que permitam às células obterem os materiais indispensáveis para a produção de energia e reparar a matéria viva gasta. Isto é nutrição." (W.E.Maffei)

Então quais alimentos devemos escolher? Quais nos fornecerão nutrientes mais úteis e de melhor qualidade? Existem aqueles mais indicados para cada horário do dia? E para cada época do ano? 

Vamos percorrer alguns sistemas e dados conhecidos e tentar chegar a uma conclusão.


1) Pirâmide alimentar 


Foi desenvolvida pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos em 1992. Auxilia as pessoas no planejamento de suas refeições diárias e visa promover hábitos alimentares saudáveis. 

A pirâmide alimentar é  dividida em quatro níveis e oito grupos alimentares. Cada grupo possui a quantidade de porções de alimentos que devem ser consumidos diariamente, que pode variar de acordo com a necessidade individual.

O nível 1 está no topo da pirâmide e o nível 4 na base.

No nível 1 estão os alimentos que devem ser consumidos com moderação, pois são alimentos de alto valor calórico. Neste nível estão os grupos dos doces, açúcares e o grupo dos óleos, gorduras. 

No segundo nível da pirâmide estão os alimentos fontes de proteínas, divididos em 3 grupos de proteínas animais (carnes, ovos, leite e derivados) e proteínas vegetais como as leguminosas

No terceiro nível é onde encontram-se os grupos das frutas, verduras e legumes. Os alimentos desse nível fornecem vitaminas, minerais e fibras para o nosso organismo.

       Na base da pirâmide, encontra-se o grupo dos alimentos ricos em carboidratos, como massas, pães, cereais, arroz, mandioca, cará, inhame e batata doce.

O espaço que esses alimentos ocupam na pirâmide serve para orientar as proporções que devemos consumir de cada grupo diariamente: 


Nível 1

Óleos e gorduras

Açúcares e doces

Quantidade diária: 2 porções ao dia

Nível 2

Carnes e ovos - 3 porções ao dia

Leite e derivados - 1 porção ao dia

Leguminosas - 1 porção ao dia

Nível 3

Frutas - 3 porções ao dia

Verduras e legumes - 3 porções ao dia

Nível 4

Cereais, pães, raízes e tubérculos - 6 porções ao dia


Observação: lançado em 2014, o Guia Alimentar Para a População Brasileira, ao invés de trabalhar com grupos alimentares e porções recomendadas, indica que a alimentação tenha como base alimentos frescos (frutas, carnes, legumes) e minimamente processados (arroz, feijão e frutas secas), além de evitar os ultraprocessados (como macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote e refrigerantes).



2) A alimentação na visão Oriental. 


Na visão da medicina oriental podemos observar dois tipos de energia na Natureza. Elas existem e podem ser encontradas em tudo, mas em proporções diferentes.

A energia Yin é relacionada às seguintes características: expansivo, frio, receptivo, rico em potássio, suculento, feminino, lua, noite, Outono e Inverno, doce e relaxamento. 

A energia Yang às características opostas/complementares: concentrado, calor, rico em sódio, seco, masculino, sol, Primavera e Verão, sólido, amargo e tensão. 

Observe como são classificados os alimentos segundo as proporções destas energias que cada um possui na tabela abaixo: 

Algumas raizes têm mais energia Yang que outras, algumas frutas são mais suculentas que outras, etc. Mas a tabela dá uma boa idéia de como classificar os alimentos segundo este sistema.

Uma alimentação adequada será a feita baseada na escolha de alimentos que possuam ambas as energias em equilíbrio. Cereais, sementes, leguminosas e raízes, principalmente. 

Alimentos com mais energia Yin, como frutos e saladas devem ser consumidos no início e até a metade do dia (o Sol e o calor do dia fornecerão energia Yang para nosso organismo). O calor do fogo também pode ser utilizado para este fim. Ou seja, a noite devemos comer folhas cozidas ou refogadas, por exemplo.  

Alimentos muito "desequilibrados", com muita energia Yin ou Yang devem ser evitados: doces, óleos, carnes, etc.



3) Seleção Natural


Através da Seleção Natural, sobreviveram os organismos humanos mais eficientes e adaptados ao nosso planeta.

Vamos observar algumas características de nosso corpo:

Possuímos 32 dentes, dos quais oito são pequenos incisivos, quatro pequenos caninos, oito pré molares e doze molares (os maiores de nossa arcada). Vinte e cinco por cento para cortar; 12,5% para perfurar e 62,5% para moer. 

Ou seja, estamos adaptados para uma dieta baseada principalmente em grãos. Somos onívoros, mas não há por que acreditar que nosso tubo digestivo esteja preparado para uma dieta diversa à proporção que nossos dentes "se apresentam".

Nosso cérebro funciona com glicose. Nossa maior fonte deste nutriente se encontra nos cereais e nas raízes.

Nossa visão diferencia cores, o que nos capacita a diferenciar quando um alimento está mais adequado para consumo na natureza.



4) Sustentabilidade


“Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome”.

Mahatma Ghandi 


O planeta Terra está dando sinais claros de que não suportará por tempo prolongado os  atuais hábitos de consumo da população humana. Logo, quando o assunto é sustentabilidade, ou a preocupação com nossos semelhantes e com nosso futuro, temos o dever de analisar alguns dados:


A) Quanto à água:


Litros de água necessários para a produção de alguns produtos: 





B) Em relação à emissão de gases de efeito estufa:


“A atividade agropecuária domina a geração de gases de efeito estufa no Brasil. Somadas as emissões diretas do setor agropecuário com as emissões indiretas, por desmatamento, essa atividade respondeu por 69% das emissões em 2018. No agregado desde 1990, a atividade agropecuária foi responsável por 80% de toda a poluição climática gerada pelo Brasil”. (https://seeg-br.s3.amazonaws.com/2019-v7.0/documentos-analiticos/SEEG-Relatorio-Analitico-2019.pdf). 



Conclusões  


“As verdades diferentes na aparência são como inúmeras folhas que parecem diferentes e estão na mesma árvore”. 

Mahatma Ghandi


Há outros argumentos, e devemos praticar nossas escolhas alimentares de forma consciente e sustentável. Pesquise sempre. E compartilhe estas informações.        

      Seguindo algumas regras simples, que facilitam nosso cotidiano, conseguimos cumprir grande parte destes objetivos:


1)  Em uma refeição pense em ingerir todas as partes de uma planta: 

a) Grãos: cereais (arroz, trigo, aveia, cevada, milho); leguminosas: (feijão, grão de bico, lentilha, soja);

b) Raízes: cará, mandioca, mandioquinha, cenoura, beterraba, etc

c) Folhas:  couve manteiga, repolho, rúcula, acelga, alface, etc 

d) Frutos: tomate, xuxu, berinjela, abobrinha, etc


2) É orientação universal diminuir o consumo de doces, óleos, carnes e produtos de origem animal.

3) Compre alimentos minimamente processados, de preferência integrais. Eles possuem mais nutrientes e são de melhor qualidade. Idem para os orgânicos.

4) Escolha os que estiverem bonitos e baratos. O preço mais baixo significa que estão na época e o frete não deve ter sido alto. Isto quer dizer que mais provavelmente precisaram de uma menor quantidade de meios artificiais para serem produzidos (adubos químicos, agrotóxicos, etc),  e como foram produzidos próximos ao local em que vocês se encontram, estão em equilíbrio com o clima e estação em que você vive (comer nozes e carnes no Natal pode ser menos nocivo no Hemisfério Norte, onde é inverno, mas no Hemisfério Sul perde o sentido).

5)  Alimentos crus e com mais energia Yin, como frutas e folhas devem ser consumidos de manhã ou até o início da tarde. À noite devem ser refogados ou cozidos. Nas estações ou dias mais quentes, pode-se ingerir mais frutas. Nos dias frios, evite as frutas mais suculentas.

6) Você sabia que a agricultura familiar, associada de forma simplista à produção de subsistência, na verdade é responsável por cerca de 80% de toda produção mundial de alimentos (segundo dados da ONU) Então dê preferência às feiras ou compre diretamente dos produtores, se possível daqueles que fazem uso da permacultura ou da agricultura ecológica. Este tipo de cultura preserva o meio ambiente e você estará estimulando esta filosofia.

7) Caso tenha alguma doença metabólica como Diabetes, gota ou obesidade, procure seu médico para uma correta orientação quanto à sua dieta.

8) Por fim, não justifique o churrasco do final de semana regado a álcool com o argumento que está compensando alimentos "muito Yang" com bebidas com muita energia Yin. Ao comer carnes, você sente necessidade do álcool. Então sentirá necessidade de carne, e entrará neste ciclo vicioso até estar empanturrado. O mesmo com alimentos muito doces e salgados. Acabamos comendo além do necessário e pagando um alto preço a curto, médio e longo prazos.


        Mãos à obra! Vamos mudar estes hábitos e quem sabe o de nossa família também? 


Dr. Eduardo N. Takeyama, médico Homeopata, membro do Instituto Hahnemanniano George Galvão. Av Angélica, 2491, Espaço Livance, 9o andar  Telefone: 3230-4730 ‪Whatsapp: 11 95325‑9742‬

 

Predisposição e mudança de hábitos

19 fevereiro, 2020

Predisposição e mudança de hábitos


ASSIM MESMO


"Muitas vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas.

Perdoe-as assim mesmo.


Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta, interesseiro.

Seja gentil, assim mesmo.


Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros.

Vença assim mesmo.


Se você é honesto e franco, as pessoas podem enganá-lo.

Seja honesto assim mesmo.


O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra.

Construa assim mesmo.


Se você tem paz e é feliz, as pessoas podem sentir inveja.

Seja feliz assim mesmo.


Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.

Dê o melhor de você assim mesmo.


Veja que, no final das contas, é entre você e Deus.


Nunca foi entre você e as outras pessoas".


Kent M. Keit




Segundo um velho ditado, "um fruto podre tem o poder de estragar todos os outros ao seu redor". Será que isto sempre ocorre? É frequente encontrarmos laranjas dentro de um saco em perfeito estado de conservação ao lado de uma embolorada ou pêras sadias dentro de um pacote com uma amassada e entrando em decomposição . Mesmos os frutos em contato íntimo com a parte mais estragada conseguem se manter intactos. Algumas vezes podemos ver que até esporos já estão na superfície de algumas das laranjas, mas lavando-as, sua casca e polpa encontram-se intactas. 


Da mesma maneira, quando estamos frente a uma epidemia, doença aguda que tem como característica acometer vários indivíduos de maneira semelhante concomitante ou sucessivamente, observamos que apenas alguns adoecem. Outros continuam saudáveis. 


Vamos tentar entender porque isto ocorre e o que podemos fazer para diminuirmos as chances de adoecermos?


O corpo humano é constituído por aparelhos. Por exemplo: o digestivo para digerir os alimentos e proporcionar a absorção dos nutrientes, o respiratório para retirar oxigênio do ambiente e eliminar gases, o urinário para filtrar nosso sangue e excretar substâncias tóxicas, e assim por diante. Os aparelhos têm órgãos. O estômago, o intestino, o pâncreas e o esôfago, por exemplo, fazem parte do aparelho digestivo. E os órgãos são feitos de células.



Cada célula funciona como uma cozinha. O material genético do núcleo são os "livros de receitas". No citoplasma e em algumas organelas, os nutrientes são utilizados para gerar o "fogo": energia; ou são combinados e transformados nos "pratos" que estão nas "receitas": moléculas e substâncias. Estas  podem ser utilizadas como “peças de reposição” para nosso corpo, para comunicação à distância com outras células ou para favorecer e acelerar algumas reações químicas, entre outros. 




        Mas só podemos produzir em nossa "cozinha", "pratos" cujas “receitas” estejam escritas em nossos “livros”. Cor dos cabelos, estatura, distribuição do tecido gorduroso, cor da pele, proporções entre as partes dos corpos, temperamento, funcionamento dos diversos aparelhos já se encontram descritos em nosso material genético no núcleo de cada célula. 


         Além destas características físicas e mentais, nossas fraquezas também são pré-definidas: são nossas predisposições.


A PREDISPOSIÇÃO consiste na vulnerabilidade do organismo em geral ou de qualquer de suas partes a adquirir determinadas moléstias. Depende da vários fatores internos, como idade, gênero, raça, povo a que pertencemos; e como interagimos com fatores externos como alimentos, ambiente, clima e suas mudanças, por exemplo. 


        Alguns destes fatores não podemos modificar. Principalmente os internos. Porque em geral estes “pratos” já foram feitos em nossa “cozinha” e fazem parte do processo da vida sadia. Nascemos com um sexo biológico e não conseguimos deter o avançar da idade. Mesmo assim, não deixam de influenciar nosso adoecer. Algumas moléstias acometem mais frequentemente crianças, outras tantas, adultos jovens, idosos, homens ou mulheres. 


      Ocorre também dos indivíduos possuírem um órgão mais fraco e sensível. Isto também depende do “livro de receitas” de cada um. . Assim, o mesmo alimento  que nutre um indivíduo, pode fazer outro que está com a gastrite “descompensada” sentir dor, por exemplo. Ao passar pela mesma situação de estresse, uma pessoa pode ficar com uma dor de cabeça e outra com  falta de ar. 


    Dos fatores externos podemos, até certo ponto, nos proteger. Em um dia muito frio nos agasalhamos e em um dia típico de verão vestimos roupas leves. 


      Então, como podemos aumentar nossa imunidade e ficarmos mais resistentes? Segundo o dicionário Michaelis on line, resiliência é a elasticidade que faz com que certos corpos deformados voltem à sua forma original ou ainda:  capacidade de rápida adaptação ou recuperação. 


        A maneira mais eficiente e rápida para nos adaptarmos conscientemente, é o AUTOCONHECIMENTO. Pois adaptações inconscientes ocorrem. Mas em geral de maneira menos eficaz e menos duradoura. 


        Autoconhecimento proporciona a possibilidade de nos prevenirmos: Quais são meus pontos fracos? Sou sensível a o que?


        São muitas variáveis. Então nas próximas semanas os textos serão dedicados a estes assuntos:


1)Alimentação

2) Higiene mental

3) Ambiente

4) Atividade física

5) Sono

6) A definir. Dê sua sugestão!


    


Dr. Eduardo N. Takeyama, médico Homeopata, membro do Instituto Hahnemanniano George Galvão. Av Angélica, 2491, Espaço Livance, 9o andar  Telefone: 3230-4730 ‪Whatsapp: 11 95325‑9742‬ 

 

Boas vindas ao tratamento homeopático - Orientações gerais

14 dezembro, 2019

Seja BEM-VINDO(A) À HOMEOPATIA!


     Gostaria de dar algumas  orientações que facilitarão seu tratamento e agilizarão sua melhora. 


ORIENTAÇÕES GERAIS


     Fique atento aos detalhes do que sente à nível mental e físico. Isto auxiliará no seu autoconhecimento  e na escolha do medicamento que lhe será prescrito. 

      O autoconhecimento faz com que você possa escolher com mais consciência o que lhe faz bem e evitar o que faz mal (alimentos, ambientes, situações, companhias, p. ex.). 

      Os detalhes dos seus sintomas me auxilia no raciocínio clínico, favorecendo um diagnóstico mais acurado. Em seu tratamento, ajudam a definir a prescrição  de um medicamento homeopático mais específico e eficaz. 

    Exemplos de detalhes importantes do que você sente e que devem ser observados:  

1) Horários em que ocorrem; 

2) Posições, movimentos, locais, ambientes, climas e situações que influenciam aumentando, diminuindo ou modificando seus sintomas. 

3) Modificações no humor e na disposição que acompanham seu quadro atual. 

    Por exemplo, um paciente com dor de cabeça em pontada, que está irritado e que piora com qualquer movimento, tomará um medicamento diferente de outro que esteja com dor de cabeça após ter ingerido alimentos gordurosos em excesso e esteja triste. 


SOBRE O TRATAMENTO DE PROBLEMAS DE SAÚDE CRÔNICOS E AGUDOS


       O medicamento prescrito após uma consulta em que a atenção dada foi dirigida a seus problemas de saúde crônicos tem validade de 60 dias, em média. 

      Logo, o acompanhamento referente a este medicamento é efetivo durante este período, podendo se estender ou encurtar um pouco em alguns casos específicos. 

     Quando seus sintomas crônicos começarem  a retornar, ficarem mais intensos ou se modificarem, lhe orientarei a marcar uma nova consulta, pois para mudar um medicamento ou sua potência é necessária uma reavaliação completa de tudo o que sente. 


      Nos quadros agudos, além do descrito acima nas orientações gerais, observe se durante a febre você (ou o menor pelo qual você é responsável) sente frio, calor, se há suor e se isto ocorre no corpo todo ou apenas em algumas partes. Verifique se a sede, o apetite, a urina ou as fezes se alteraram de alguma forma também.

     Relate sempre tudo o que você observa com o máximo de detalhes, mesmo que lhe pareça um fato de menor importância. 

Em Homeopatia isto é muito importante. Pode definir a escolha de um medicamento diferente do inicialmente indicado, por exemplo. 


SOBRE OS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS 


      Os medicamentos devem ser armazenados longe de fontes de radiação ionizante (televisores antigos, p. ex.) ou não ionizante (aparelhos eletroeletrônicos, celulares, etc), de perfumes ou materiais de limpeza com odores fortes e do calor. 

Perdem sua validade quando expostos a estas influências. 


SOBRE NOSSA COMUNICAÇÃO. 


     Ao entrar em contato comigo, informe sempre o nome do medicamento que vc tomou na última consulta ou a forma como o está tomando, caso você tenha sido orientado a tomá-lo diariamente. 

    Agindo desta forma, eu saberei qual conduta tomar mais rapidamente e menos mensagens precisarão ser trocadas até que você possa começar a tomar um medicamento apropriado, ou iniciar uma dose mais adequada do que já está tomando. 


   Disponho dos seguintes  meios para você entrar em contato:


1. Celular: em casos de emergência, ligue até que eu atenda. 

2.  WhatsApp: utilize-o para ajuste de dose de medicamentos para quadros crônicos ou agudos não intensos;

3. Consultório: para problemas de saúde crônicos ou agudos que necessitem de uma maior atenção. 

Eu orientarei quando for necessário. 


    Novas consultas nos quadros crônicos devem ser realizadas em média a cada dois ou três meses no início do tratamento ou quando estiver com sintomas importantes/ intensos. Quando você estiver melhor, o prazo será  mais longo. 


Entre em contato caso tenha ficado com alguma dúvida! 


Até breve!!


Dr. Eduardo N. Takeyama

Membro do IHGG

Site: www.dreduardontakeyama.com.br

Facebook: @dreduardontakeyama

 

Orientações sobre os medicamentos homeopáticos

14 dezembro, 2019

Orientações sobre os medicamentos homeopáticos


      Para fazer um medicamento homeopático podemos utilizar praticamente qualquer coisa. A matéria prima utilizada pode pertencer aos reinos mineral, vegetal ou animal. 


      Antes de  podermos prescrever um medicamento com segurança, ele deve passar por uma cuidadosa experimentação em pessoas que não estejam doentes, pois poderia se confundir os sintomas despertados pelo medicamento com os de alguma doença. 


      O nome da lista dos sintomas despertados nos voluntários pelo medicamento experimentado é “matéria médica”. Com a colaboração de várias pessoas, a matéria médica fica mais completa, pois cada um possui uma constituição diferente. Por exemplo, homens podem manifestar  sintomas que as mulheres não podem (e vice-versa). Alto, magro, baixo, em cada um o medicamento desperta mais facilmente um grupo de sintomas. 


      A grande maioria das experimentações já foram realizadas no passado e possuímos um considerável número de medicamentos disponíveis para prescrevermos com segurança. 


      É muito importante que na hora de fazer o medicamento, o farmacêutico use uma matéria prima igual ou o mais semelhante possível à utilizada na experimentação. Só assim podemos ter certeza que o medicamento que prescrevemos para o paciente corresponde à matéria médica que estamos consultando para escolher o remédio mais apropriado ao caso. 


      Quando a matéria prima é do reino mineral, isto é mais simples. O cobre, por exemplo, é o mesmo em qualquer parte do mundo. 


      A partir do reino vegetal as dificuldades aumentam, pois dependendo do solo, ambiente e clima em que a planta foi cultivada, podem haver diferenças significavas na composição de sua raiz, caule, flor, etc.  Então é mais seguro usar uma planta cultivada no mesmo local em que a experimentação foi feita.


      No reino animal isto se torna ainda mais complicado. Pode ser mais fácil se obter um animal menos complexo como um inseto, onde seus indivíduos são mais semelhantes entre si. Mas o cuidado deve ser cada vez maior conforme se lida com animais mais evoluídos, porque a chance de se utilizar uma matéria prima diferente da que foi experimentada aumenta. Nos animais  mais complexos as diferenças e a individualidade se fazem cada vez mais presentes. Abelhas são mais semelhantes entre si do que cachorros, por exemplo.


      Entramos em um terreno muito controverso e inseguro quando um medicamento é preparado a partir de secreções de humanos, por exemplo, pois pode-se questionar se a fonte utilizada para se fazer o medicamento é a mesma ou ao menos semelhante àquela com que se fez a experimentação. 


      Quando se utiliza qualquer insumo não experimentado, a segurança é praticamente nula. 



O NOME, A ESCALA E A POTÊNCIA 


      Os medicamentos podem ter um nome simples, como Causticum, ou “nome e sobrenome”, como Pulsatilla nigricans, Kali carbonicum, Kali bichromicum, etc. 


      Após o nome escrevemos a escala, ou seja, com qual método o medicamento deve ser preparado. Depois em qual potência desta escala queremos que a preparação seja interrompida. 


      Apenas para tentar explicar a escolha da escala e da potência, poderíamos comparar à escolha de uma faca que queremos utilizar para cortar algum objeto.  A escolha do tipo de lâmina corresponderia à escala. O quão amolada estaria a lâmina, à potência. Para cortar uma madeira será melhor um facão. Sua lâmina deve ser robusta e afiada, mas um fio mais fino e uma lâmina mais delgada deve ser escolhida para se cortar um papel. 

      

      Ainda há a escolha da quantidade e frequência das doses a serem tomadas. Seguindo o exemplo acima, poderíamos dizer que isto corresponderia à força utilizada por nós ao utilizarmos as facas. Podemos querer fazer um corte profundo e único ou vários, mas mais superficiais. 


      Os medicamentos geralmente são tomados por via oral. Em algumas situações específicas a olfação pode ser utilizada. Na verdade o medicamento pode ser administrado até pela pele. Mas como a intenção não é que tenha uma ação local e sim no organismo como um todo, neste caso o remédio deve ser aplicado em uma região do corpo onde a epiderme esteja sã, sem lesões. Pomada, creme e loção com o intuito de se suprimir uma afecção cutânea local constitui conduta que não prioriza a totalidade do paciente e vai contra os princípios da medicina homeopática. 


      Todas estas escolhas: qual medicamento, escala, potência, dose, repetição e via a ser administrada, serão feitas dependendo de seu quadro clínico. Então siga à risca o recomendado e entre em contato no prazo orientado. Tomar um remédio e interrompê-lo antes do desejado não será suficiente para que seu organismo sinta o estímulo medicamentoso. Tomá-lo em demasia aumenta significativamente a chance de efeitos colaterais. 


     As escalas utilizadas há mais tempo, que os médicos homeopatas historicamente possuem maior experiência e, portanto, são mais seguras, são a centesimal (indicada pela letra "C") e a cinquenta milesimal (indicada por "/50.000").



CUIDADOS COM OS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS

- Mantenha o medicamento fora do alcance das crianças

- Guarde-o em local fresco e ventilado

- Guarde-o longe de radiações (TV ligada, aparelho de RX, rádio relógio, celular, etc)

- Guarde-o longe de perfumes, inseticidas, medicamentos alopáticos e outras substâncias de cheiro forte.

- Separe os glóbulos numa colher seca e limpa e jogue-os na boca sem contato com as mãos.

- Para armazenamento, em domicílio ou para transporte, use uma cesta de vime (sem pintura ou verniz) ou outro tipo de embalagem sem cheiro, ventilada, resistente ao choque e que proteja da luz direta

- Ao preparar o plus, não se utilize do mesmo recipiente para outras finalidades ou para um novo plus sem antes lavá-lo com água fervente.

- Nunca repita o medicamento sem antes consultar seu médico.

- Não utilize o frasco de um para outro medicamento ou potência.

- Não reutilizar frascos e conta-gotas, trazê-los até a farmácia para serem dispensados corretamente.


(fonte: Cuidados a serem observados com os medicamentos homeopáticos da Farmácia Bento Mure)



MODOS DE TOMAR 


- Dose única: Chupar os 02 glóbulos ou tomar a solução no horário orientado.

- Soluções II/XX/15 ou X/XXX/15 - Tomar uma colher das de chá do medicamento durante três manhãs seguidas, em jejum. Agite bem o frasco antes de cada tomada. 

- Gotas: Pingar duas gotas diretamente sobre a língua na frequência e horários orientados. Agitar o frasco de 5 a 6 vezes antes de cada tomada.

- Método Plus:   1)Dissolva dois glóbulos ou dilua duas gotas em meio copo de água.   2)Tome uma colher das de chá desta solução na frequência indicada. 3) Misture bem a solução antes de cada tomada.   4) Deve-se fazer uma nova solução a cada 24 h.    

- Em todos os casos, deve-se aguardar meia hora antes e após tomar o medicamento sem  ingerir alimentos ou higienizar os dentes e a cavidade oral. Medicamentos em solução, agite bem o frasco ou misture-a antes de cada tomada. 





PRAZO DE VALIDADE


- Glóbulos/ pós: 2 anos

- Gotas e poções acima de 20% de álcool - 1 ano

- Poções a 5% de álcool - 3 meses

- Medicamentos em água destilada: 2 dias

- Plus - até 2 dias


TOME UM ÚNICO MEDICAMENTO DE CADA VEZ. 


      Não tome dois ou mais medicamentos homeopáticos ao mesmo tempo. Caso eu prescreva um medicamento diferente do que você esteja tomando, interrompa seu uso assim que iniciar o novo.  


OBS: É bom ter uma "farmacinha caseira" para os quadros agudos. Questione durante sua consulta sobre os medicamentos que eu considero necessário você possuir em  casa. 


Dr. Eduardo N. Takeyama

Membro do IHGG

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Facebook: @dreduardontakeyama

 

Depressão e tratamento homeopático - Artigo publicado na revista Leve e leia - Edição Dezembro/Janeiro 2020

14 dezembro, 2019

Depressão e tratamento homeopático.

Sobre o significado e o valor das coisas. Sobre atitudes.


“Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine; ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse a fé possível, até o ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou (...) a caridade é paciente: é branda e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária, nem precipitada; não se enche de orgulho; não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a verdade”.

(S.Paulo, 1ª Epístola aos Coríntios)


        A palavra política tem sua origem no grego politikos, que significa “cívico”. O termo politikos, por sua vez, deriva da palavra polites, que quer dizer “cidadão”, que se originou de polis, traduzido por “cidade”.

        Na sociedade grega, os politikos eram aqueles que se dedicavam ao governo da polis, colocando o bem comum acima dos interesses individuais.

        Platão, filósofo grego, assim classificava as possíveis formas de governo (as definições são do dicionário Michaelis on line):


1) Democracia: Sistema político influenciado pela vontade popular e que tem por obrigação distribuir o poder equitativamente entre os cidadãos, assim como controlar a autoridade de seus representantes.

2) Aristocracia: Sociedade politicamente organizada em que o controle estatal é privativo de uma camada social privilegiada, composta de nobres cujo monopólio do poder pode ser eletivo, quando a escolha de seus membros se faz no interior dessa mesma classe, ou hereditário, quando a sucessão política exclui todos os que dela não descendem, ficando, neste último caso, concentrado nas mãos de uma ou de várias famílias.

3) Monarquia: Sistema político de governo em que o poder supremo está nas mãos de um monarca, cuja posição, fundamentada na tradição e na autoridade divina, é geralmente hereditária, através dos descendentes do sexo masculino.

Ou: 

 4) Anarquia: Estado de um povo em que o poder governamental, de onde emana o equilíbrio da estrutura política, social e econômica, de fato ou virtualmente, desapareceu;

 5) Oligarquia: Regime político em que o poder é comandado por um número restrito de pessoas que pertencem a um mesmo partido, classe ou família; Preponderância de um pequeno grupo ou facção no exercício do poder, especialmente para governar conforme seus interesses.

 6) Tirania: Governo cujo poder não é limitado por lei ou constituição; Governo legítimo, mas que não respeita os direitos dos cidadãos.


        As três primeiras, "saudáveis” e as três últimas, como suas respectivas “degenerações”. 

        Agora mudemos o foco para o polites. Para nós mesmos e como entendemos, valorizamos e interagimos com o mundo à nossa volta, com o ambiente e com o próximo. 

        Walter E. Maffei, patologista brasileiro, assim define como entendemos e valorizamos nosso entorno: “A inteligência nos permite conhecer a realidade das coisas, traduzindo os seus diversos aspectos por meio das representações internas, que são símbolos dos fenômenos externos, reproduzidos na sua sequencia histórica e classificados em ordem lógica; em outras palavras, constitui o espelho dos objetos e dos fatos como eles são. A afetividade os indica à consciência pelo valor que eles nos custam em sofrimento. Por exemplo, é um fato de todos conhecido o quanto nos aborrece e entristece perdermos ou quebrarmos determinado objeto, às vezes mesmo sem valor intrínseco, mas que tinha certa significação em nossa vida. Por conseguinte para que a descriminação dos fatos e objetos tenha utilidade na nossa vida, não é suficiente que eles sejam figurados na consciência simplesmente como dados dos sentidos e como representações, mas é necessário que, além disso, nos despertem prazer ou sofrimento”.

        O mesmo autor, versando sobre a vontade: “é a função psíquica que determina a finalidade de cada um dos atos da nossa vida, assim como os meios necessários para atingi-los. Ora, como todos os atos da nossa vida são reações às sensações determinadas pelo mundo que nos cerca, compreende-se que o ato seja o mais complexo dos fenômenos psíquicos, porque pressupõe imagens, idéias e motivação afetiva, sem as quais é impossível a sua manifestação”.

        Grosso modo, seria como pintarmos um quadro. As formas, a proporção e a perspectiva seriam dirigidas pela inteligência; as cores, as tonalidades utilizadas e a “luz” podem “impregnar” os objetos com um valor extrínseco a eles; a vontade seria a finalidade da obra. Para que e por que pinta-lo. Claro que forma e proporção podem denotar valor, pode-se escurecer algo no centro do quadro para dar um destaque obscuro ao motivo principal, etc. Na vida estas três funções psíquicas funcionam em conjunto. 

        Durante as diferentes fases de nossa vida focamos nossas energias para objetos e objetivos diversos. Vamos nos nutrir um pouco mais neste outro trecho de Maffei: “Na criança faltam os sentimentos sociais, devido à sua inexperiência da vida e a sua afetividade é apenas inspirada pela necessidade direta e urgente de proteção passiva; na adolescência, o aparecimento dos sinais da sexualidade desenvolve os sentimentos de amor próprio, de ambição e dos ideais inferiores do misticismo romântico e religioso, ao mesmo tempo que se diferenciam as qualidades inerentes a cada sexo – o virilismo no homem e a vaidade na mulher; a idade adulta disciplina os reflexos morais da sexualidade, favorecendo as paixões mais úteis e mais harmônicas com os interesses ordinários e duradouros do organismo; a idade madura freando as fontes mais vivas dos sentimentos, elimina as exuberâncias perturbadoras, o que determina maior serenidade do caráter e, finalmente, na velhice geralmente esse estado se firma ainda mais.”

          Do hedonismo infantil (em que o prazer e a satisfação de suas necessidades são o único ou principal bem da existência), passando pela sexualidade, vaidade e virilidade na adolescência, conseguiríamos chegar à empatia e a caridade na maturidade. O desenvolvimento físico atinge um ápice no adulto jovem e entra em declínio. O psiquismo continua seu desenvolvimento. 

         Com o decorrer dos anos, lesões podem impedir que a saúde física retorne a sua plenitude. Psiquicamente pode-se e deve-se continuar evoluindo. Experiência de vida e maturidade são necessários a entendimento, compreensão, e atitudes mais justas.

        Para o tratamento homeopático, a cura é que cada ser atinja “seus mais altos fins da existência”.

        Favorecer e auxiliar o amadurecimento de indivíduos psiquicamente é inerente ao tratamento. Inclusive em atitudes mais corretas e visando menos interesses e necessidades apenas individuais (não as excluindo), pois é o que se espera da função psíquica volitiva na madureza e senectude. Não por um julgamento moral.

        Samuel Hahnemann, fundador da Homeopatia, inicia o prefácio de seu livro Doenças Crônicas desta maneira: “Se eu não soubesse para que fim fui posto aqui na Terra − “para tornar-me melhor tanto quanto possível e tornar melhor tudo que me rodeia e que eu tenha o poder de melhorar”. 

        Assim, aos seres que conseguirem atingir uma maturidade psíquica adequada, cabe a responsabilidade de orientar aqueles de seu círculo, maior ou menor, aos valores e atitudes corretos. Principalmente através de seus exemplos. As três formas de governo saudáveis e degeneradas de Platão não refletem a maturidade e a imaturidade de seus dirigentes e da coletividade por tê-los escolhidos, ou simplesmente ter permitido que governem?

        Fato que isto não resolverá todos os casos de depressão, mas um coletivo (família, bairro, cidade, país, etc) mais equilibrado e justo pode e deve diminuir a incidência e a manifestação de sintomas em indivíduos predispostos. A organização coletiva atual, seus valores cultivados e imaturidade constituem um fator de agravo à saúde. 

        Segundo Folha informativa da Organização Panamericana de Saúde – Brasil, a depressão é um transtorno mental frequente. Em todo o mundo, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com esse transtorno. A condição é diferente das flutuações usuais de humor e das respostas emocionais de curta duração aos desafios da vida cotidiana. Especialmente quando de longa duração e com intensidade moderada ou grave, a depressão pode se tornar uma crítica condição de saúde. Ela pode causar à pessoa afetada um grande sofrimento e disfunção no trabalho, na escola ou no meio familiar. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos. 

        A carga da depressão e de outras condições de saúde mental está em ascensão no mundo.

        A depressão é resultado de uma complexa interação de fatores sociais, psicológicos e biológicos. Pessoas que passaram por eventos adversos durante a vida (desemprego, luto, trauma psicológico) são mais propensas a desenvolvê-las . A depressão pode, por sua vez, levar a mais estresse e disfunção e piorar a situação de vida da pessoa afetada e o transtorno em si.

        Há relação entre a depressão e a saúde física; doenças cardiovasculares, por exemplo, podem levar à depressão e vice-versa.

Segundo a décima versão do Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde e da quarta edição do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais da American Psychiatric Association, os critérios diagnósticos de depressão são:

        Sintomas psíquicos:

- Humor depressivo: sentimentos de tristeza, autodesvalorização, sentimentos de culpa e ideação suicida

- Anedonia: redução ou ausência da capacidade de experimentar prazer na vida, mesmo em atividades preferidas

- Redução da energia: sensação de “bateria descarregada”

- Diminuição na capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões

        Sintomas fisiológicos

- Alterações do sono: tipicamente, insônia intermediária (acordar no meio da noite e ter dificuldade para voltar a dormir) ou terminal (despertar mais cedo do que o habitual), acompanhada de piora matinal do humor, ou seja, o indivíduo sente-se mais deprimido pela manhã e melhora no decorrer do dia. Na depressão atípica, ocorre com frequência a hipersonia – sonolência excessiva, inclusive durante o dia.

- Alterações do apetite: tipicamente, redução do apetite; nas depressões atípicas, o apetite pode estar aumentado, muitas vezes com compulsão por doces e chocolates.

- Redução do interesse sexual

Alterações de comportamento: 

- Retraimento social

- Crises de choro

- Comportamento suicida

- Retardo psicomotor e lentificação generalizada; ou agitação psicomotora

Verificamos pela lista de sintomas acima listados, que na depressão afeto, pensamento e vontade podem estar alterados. O principal e característico recaindo sobre o afetivo.

O tratamento tradicional farmacológico é mediante medicamentos antidepressivos, cuja escolha obedece a critérios clínicos e prescritos por psiquiatra. O acompanhamento com psicólogo é importante. Previne recidiva e é um tratamento individualizado.

        No tratamento homeopático, há uma “ordem correta” para a melhoria dos sintomas. Quando físicos, as desordens dos órgãos mais nobres devem entrar em equilíbrio antes dos periféricos. Por exemplo, em um paciente com asma, rinite e dermatite atópica, por exemplo, a ordem correta é o alívio da falta de ar e chiado, depois da coriza e espirros e por fim, da erupção na pele. Afinal, insuficiência respiratória pode levar a óbito. Coriza ou prurido apesar de incomodarem são compatíveis com a vida.

No psiquismo, a ordem correta é que, quando existam, as desordens afetivas melhorem antes das cognitivas (do intelecto, como o aprendizado e a memória) e estas antes das volitivas (da vontade).  As duas últimas funções psíquicas foram possibilidades proporcionadas principalmente pelo córtex cerebral e graças a elas a humanidade evoluiu tecnologicamente, mas sem a afetividade tudo isto perde a finalidade. Ou melhor, a finalidade pode perverter-se, e sofre tanto o indivíduo como a coletividade.

       Privilegiando o desenvolvimento psíquico desta maneira, auxilia na formação de melhores polites, com melhor capacidade de entendimento, julgamento e atitudes. As Pólis são constituídas pelos seus cidadãos. 


Eduardo N. Takeyama, médico Homeopata, membro do Instituto Hahnemanniano George Galvão. Av Angélica, 2491, Espaço Livance, 9o andar  Telefone: 3230-4730 ‪Whatsapp: 11 95325‑9742‬ 

 

Ansiedade e tratamento homeopático - Artigo publicado na revista Leve e Leia - edição Outubro/ Novembro de 2019

14 dezembro, 2019

Ansiedade e Tratamento Homeopático. 


(Leituras sobre gênese, ciência, ansiedade, Lei dos semelhantes e incertezas)


Sobre a gênese


“Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também 

  Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre,

  dos imortais que têm a cabeça do Olimpo nevado,

  e Tártaro nevoento no fundo do chão de amplas vias,

  e Eros: o mais belo entre Deuses imortais,

  solta-membros, dos Deuses todos e dos homens todos

  ele doma no peito o espírito e a prudente vontade


Do Caos Érebos e Noite negra nasceram.

Da Noite aliás Éter e Dia nasceram,

gerou-os fecundada unida a Érebos em amor.

Terra primeiro pariu igual a si mesma

Céu constelado, para cercá-la toda ao redor

e ser aos Deuses venturosos sede irresvalável sempre.

Pariu altas Montanhas, belos abrigos das Deusas

ninfas que moram nas montanhas frondosas. 

E pariu a infecunda planície impetuosa de ondas

o Mar, sem o desejoso amor (...)

Teogonia, Hesíodo, poeta grego


“ 1 No princípio Deus criou os céus e a terra. 

2 Era a terra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. 

3 Disse Deus: "Haja luz", e houve luz. 

4 Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. 

5 Deus chamou à luz dia, e às trevas chamou noite. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o primeiro dia. 

6 Depois disse Deus: "Haja entre as águas um firmamento que separe águas de águas". 

7 Então Deus fez o firmamento e separou as águas que ficaram abaixo do firmamento das que ficaram por cima. E assim foi. 

8 Ao firmamento, Deus chamou céu. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o segundo dia. 

9 E disse Deus: "Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça a parte seca". E assim foi. 

10 À parte seca Deus chamou terra, e chamou mares ao conjunto das águas. E Deus viu que ficou bom”.


Gênesis, Bíblia Sagrada


Sobre a ciência


Segundo os cientistas, o Big Bang ocorreu há cerca de 14 bilhões de anos. Algumas centenas de milhares de anos depois, o Universo esfriou ao ponto de possibilitar a formação de átomos. As galáxias se formaram no primeiro bilhão de anos.  O Sistema Solar e a Terra originaram-se há cerca de 4.5 bilhões de anos. 

Graças às condições favoráveis existentes nos oceanos primitivos, com proteínas e ácidos nucleicos disponíveis, estima-se que os primeiros seres vivos surgiram no planeta há 3,5 bilhões de anos. 

Assim, microorganismos unicelulares como as bactérias e algas, primeiras formas de vida, foram importantes para o surgimento de outros seres: invertebrados como medusas, caracóis e estrela-do-mar, algas verdes (todos habitantes marinhos); plantas terrestres; anfíbios; répteis, como os dinossauros do período Jurássico (extintos há 70 milhões de anos); plantas com flores, aves e mamíferos que proliferaram por todo o planeta há 65 milhões de anos. 

Há 4 milhões de anos surgiram os ancestrais dos seres humanos. Foram necessários Australopitecos (3,5 a 2 milhões de anos), Homo habilis (2,4 a 1,6 milhões), Homo erectus (2 mi a 400 mil anos), Homo neanderthalensis (2,5 milhões a 12 mil anos) até chegar-se, finalmente, à espécie atual: o Homo sapiens (300 mil anos).

O período Paleolítico compreende o intervalo de tempo entre o aparecimento dos primeiros hominídeos até cerca de 8.000 a.C. e o Neolítico de 8000 até 5000 a.C. A idade dos Metais de 5000 a.C. até o surgimento da escrita, por volta de 3500 a.C. 

Há 500 mil anos o homem passou a controlar o fogo, há 30.000 aperfeiçoou a técnica da caça e da pesca, e criou a arte da pintura.

Em torno de 18000 a.C. a Terra passou por transformações climáticas e geológicas, alterando a vida animal e vegetal do planeta. 

No Neolítico novas modificações climáticas aumentaram as dificuldades para caçar e os seres humanos se instalaram nas margens dos rios, desenvolveram a agricultura, a arte da cerâmica, a tecelagem, aprenderam a domesticar alguns animais e surgiram os primeiros aglomerados populacionais.

Na idade dos metais a fundição do cobre, posteriormente o estanho, a invenção do bronze e a metalurgia do ferro possibilitaram um melhor acabamento de utensílios e domínio sobre outros povos através da manufatura de armamentos.

O surgimento da escrita na idade antiga permitiu que uma parte dos costumes e leis destas civilizações chegasse ao conhecimento do homem moderno.

Da Ilíada de Homero até os dias atuais decorreram apenas cerca de 2800 anos. 


“O sistema nervoso desenvolveu-se com o fim de receber e coordenar os estímulos do mundo exterior, transmitindo-os às diferentes células que formam os órgãos, bem como colher os estímulos neles gerados, elaborando-os e coordenando-os a fim de responder satisfatoriamente às exigências da vida”.

Walter E. Maffei, Patologista brasileiro.


A ciência moderna teve início no século XVI, mesma época em que viveu o anatomista Vesalius. Willian Harvey, outro importante anatomista, foi um dos primeiros a descrever o sistema circulatório de maneira correta, no século seguinte. 

Em 1810 Franz Joseph Gall publicou Anatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso em Geral e do Cérebro em Particular, onde é feita a distinção entre substância cinzenta e branca deste órgão. Magendie, Broca, Rolando e Purkinge nos séculos XVII e XVIII também contribuíram para os estudos de anatomia e fisiologia do cérebro.

Estes autores colaboraram para a compreensão de que o sistema nervoso desenvolveu-se com o fim de receber e coordenar os estímulos do mundo exterior, transmitindo-os às diferentes células que formam os órgãos, bem como colher os estímulos neles gerados, elaborando-os e coordenando-os a fim de responder satisfatoriamente às exigências da vida. 

Para cumprir essa finalidade, o sistema nervoso apresenta uma organização, e pode ser dividido em sistema nervoso central e sistema nervoso autônomo.

O sistema nervoso central recebe as impressões do mundo exterior, por meio das terminações nervosas periféricas levando-as aos órgãos que o compõem, onde são elaboradas e daqui transmitidas aos órgãos de atuação e assim o indivíduo pode reagir aos diversos estímulos do mundo exterior, isto é, põe o animal e o Homem em particular em relação com o ambiente.

O sistema neurovegetativo, ou autônomo, tem como função manter e regular as funções digestivas, respiratória, circulatória e sexuais e compreende 2 sistemas: o simpático e o parassimpático.

O sistema simpático estimula todos os órgãos, contribuindo para que o organismo apresente as condições máximas de defesa em face do ambiente; o parassimpático predomina durante o repouso noturno, determinando a redução do estado de defesa e de atividade do indivíduo, preparando-o para a sua recuperação funcional.

Em 1910, Hess e Eppinger estudaram as constituições do ser humano e verificaram que os indivíduos reagiam de maneira diferente quando expostos a substâncias estimulantes do sistema nervoso específicas. 

Catalogaram como vagotônicos e simpaticotônicos segundo o predomínio das reações parassimpáticas e simpáticas, respectivamente.

Este comportamento inato reflete uma base biológica instintiva e geneticamente determinada, capaz de interagir com o ambiente durante o desenvolvimento do indivíduo. 

Denomina-se caráter o componente adquirido na interação com o mundo (forma existencial de estruturação interna pela apreensão de experiências e objetos). O caráter inclui, portanto, os valores éticos e morais, conteúdos incorporados durante o desenvolvimento da pessoa. 

Da soma destes dois componentes, o inato e o adquirido, compõe-se a personalidade de cada indivíduo.




Sobre a ansiedade


“Uma crise de pânico pode ser uma reação “fisiológica” quando desencadeada por um estímulo suficientemente forte”.

Síndromes psiquiátricas, ed. artmed


Uma crise de pânico pode ser uma reação “fisiológica” quando desencadeada por um estímulo suficientemente forte. Assim, todas as pessoas têm a possibilidade de ter uma crise de ansiedade ou mesmo de pânico. Entretanto, reserva-se o diagnóstico de transtorno de pânico para quando a reação de medo e de desespero acontece predominantemente de modo espontâneo, repetitivo e de forma desproporcional ao estímulo desencadeante. Para o diagnóstico, é importante que as crises tenham levado a alterações comportamentais ou cognitivas.

Os critérios utilizados atualmente para caracterizar o diagnóstico clínico são os adotados pela American Psyshiatric Association. Segundo esta classificação, para identificar o transtorno de pânico, devemos caracterizar o ataque ou a crise pesquisando a possível presença de pelo menos quatro sintomas concomitantes, com aparecimento repentino, sem uma relação entre causa e efeito, com duração aproximada de 10 a 30 minutos e em qualquer local, os quais incluem: taquicardia, dor no peito ou desconforto torácico, sudorese, tremores ou abalos, sensação de falta de ar ou sufocamento, parestesias (formigamento de extremidades ou membros), sensação de morte iminente, medo de vir a enlouquecer, sensação de tontura, instabilidade ou desmaio, desrealização (sensação de irrealidade), despersonalização (estar distanciado de si mesmo), calafrios ou ondas de calor.

Portanto, dois ou três sintomas isolados não caracterizam a condição, e apensa um ataque de pânico sem alteração dos hábitos não caracteriza o transtorno de pânico, podendo ocorrer em situações de estresse ou forte emoção.

A agorafobia caracteriza-se pelo medo de ter medo. O paciente passa a evitar as situações nas quais julga que o risco de crise é insuportavelmente alto. Deixam de sair sozinhas de casa, ou mesmo acompanhadas, não conseguem mais dirigir, entrar em supermercados, viajar, trabalhar, enfim, a vida se torna cada vez mais limitada.

As estruturas do sistema nervoso central provavelmente envolvidas na etiologia biológica da ansiedade são: a ponte, o bulbo, a amígdala, o locus ceruleus, a região cortical frontomedial e o eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal. As hipóteses mais aventadas sobre a provável fisiopatologia do pânico apoiam-se em estudos de ações e respostas metabólicas e fisiológicas envolvendo os sistemas adrenérgico, serotonérgico, GABAérgico e também o lactato e CO2 (alarme de sufocamento). Estudos genéticos apontam para o fato de que até 70% da variância (chance de surgimento do fenômeno) depende de fatores herdados.

O tratamento medicamentoso na medicina tradicional é feito com antidepressivos tricíclicos e inibidores da recaptação de serotonina.



Sobre a lei dos semelhantes


“A transferência cria, assim, uma região intermediária entre a doença e a vida real, através da qual a transição de uma para a outra é efetuada. A nova condição assumiu todas as características da doença, mas representa uma doença artificial, que é, em todos os pontos, acessível à nossa intervenção”.

Freud


“Com base na teoria da compensação, estaríamos mais inclinados a admitir, por exemplo, que um indivíduo com uma atitude exageradamente pessimista em face da vida tivesse sonhos serenos e otimistas. Mas esta expectativa não se verifica senão no caso de alguém cuja índole permite que ele seja estimulado e encorajado neste sentido. Mas se o seu temperamento for um tanto diferente, assumirão, consequentemente, uma feição mais negra ainda do que a atitude consciente. Eles seguem então o princípio de que similia similibus curentur [os semelhantes que se curem pelos semelhantes]”.

C.G.Jung

Sobre as incertezas


“O objetivo final da ciência é fornecer uma teoria única que descreva todo o universo. No entanto, a abordagem que a maioria dos cientistas de fato segue é separar o problema em duas partes. Primeiro, há as leis que nos dizem como o universo muda com o tempo (se soubermos como é o universo em dado momento, essas leis físicas nos dirão como ele será em qualquer momento posterior). Segundo, há a questão do estado inicial do universo. Algumas pessoas acham que a ciência deve se ocupar apenas da primeira parte; elas encaram o problema da situação inicial como um assunto para a metafísica ou a religião. Eles diriam que Deus, sendo onipotente, poderia ter começado o universo como bem lhe aprouvesse.

(...) Hoje, os cientistas descrevem o universo a partir de duas teorias parciais básicas: a teoria da relatividade geral e a mecânica quântica. Elas são as grandes realizações intelectuais da primeira metade do século XX. A teoria da relatividade geral descreve a força da gravidade e a estrutura em grande escala do universo, ou seja, a estrutura em escalas que vão de apenas alguns quilômetros a medidas tão vastas quanto um milhão de milhões de milhões de milhões (1 seguido de 24 zeros) de quilômetros – o tamanho do universo observável. A mecânica quântica, por sua vez, lida com fenômenos em escalas minúsculas, tais como um milionésimo de milionésimo de centímetro. Infelizmente, porém, sabemos que essas teorias são incompatíveis entre si – não é possível que ambas estejam corretas. Um dos maiores esforços na física atual, e o tema principal deste livro, é a busca por uma nova teoria que irá incorporar ambas: uma teoria da gravitação quântica. Ainda não temos essa teoria e pode ser que estejamos longe de consegui-la, mas sem dúvida já conhecemos muitas das propriedades que ela deve exibir. 

Ora, se acreditamos que o universo não é arbitrário, mas governado por leis bem definidas, ao fim teremos de combinar as teorias parciais em uma teoria unificada completa que descreverá tudo no universo. Entretanto, há um paradoxo fundamental na busca por uma teoria unificada completa como essa. As idéias sobre teorias científicas que delineamos nos parágrafos anteriores partem do pressuposto de que o homem é uma criatura racional livre para observar o universo como quiser e extrair deduções lógicas do que vê. Nesse esquema, é razoável supor que podemos progredir cada vez mais na direção das leis que governam nosso universo. Contudo, se de fato existe uma teoria unificada completa, é de se presumir que ela também determinaria nossas ações. E assim a própria teoria determinaria o resultado de nossa busca por ela! E por que ela deveria determinar que chegamos às conclusões corretas com base nas evidências? Ela não pode muito bem determinar que tiramos a conclusão errada? Ou nenhuma conclusão?

A única resposta que posso dar para esse problema se baseia no princípio da seleção natural de Darwin. A idéia é que em qualquer população de organismos capazes de se reproduzir haverá variações no material genético e na criação de novos indivíduos. Essas diferenças significarão que uns indivíduos serão mais capazes do que outros de tirar conclusões corretas sobre o mundo à sua volta e agir de forma apropriada. Tais indivíduos terão maior probabilidade de sobreviver e se reproduzir, e, assim , seu padrão de comportamento e pensamento passará a ser dominante”.

Stephen Hawking, uma breve história do tempo.



Reflexões finais


Durante a consulta homeopática, o indivíduo reflete sobre sua história, suas reações frente a fatos recentes e antigos e sobre seus sintomas de maneira pormenorizada. Isto induz a um autoconhecimento e a uma promoção da melhoria de hábitos de vida em nível psíquico e físico. 

Como são levados em consideração na escolha de um medicamento homeopático os gatilhos para as crises de ansiedade, o conjunto de sintomas apresentados, e como a dose utilizada é sutil, a probabilidade de efeitos colaterais é minorada.

Tanto Freud quanto Jung descrevem a ação da Lei dos semelhantes no tratamento de seus pacientes como uma ferramenta eficaz. A ação do medicamento Homeopático, de maneira sinérgica, favorece e costuma catalisar o processo analítico ou psicanalítico.

Além disto, pelo fato do tratamento homeopático respeitar temperamento, constituição e sintomas em cada caso particular, favorece uma adaptação individual do paciente a sua realidade (conforme citado no artigo de Leve e leia de Agosto/Setembro). Agindo desta maneira, respeita-se as variações no material genético da espécie humana, e a seleção natural pode se dar de forma apropriada.


Dr. Eduardo Nishimiya Takeyama, médico Homeopata, membro do Instituto Hahnemanniano George Galvão, Av. Angélica, 2491, Espaço Livance, 9º andar Telefone: 3230-4730 – Whatsapp: (11) 97105-2014